A presença feminina no setor de transporte continua limitada e abaixo da média em áreas como operação, gestão e direção de veículos, apesar de iniciativas e debates recentes que buscam ampliar essa participação. Um painel realizado durante o evento Rio de Transportes, no Museu do Amanhã, trouxe especialistas à discussão sobre os desafios e barreiras enfrentados por mulheres nessa área historicamente dominada por homens.
De acordo com a diretora de Mobilidade Urbana da Semove, Richele Cabral, as mulheres ocupam apenas 17% da força de trabalho no setor de transportes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro um índice que reflete tanto dificuldades de acesso quanto desafios culturais e estruturais. Além disso, somente 4% das habilitações na categoria D, exigidas para dirigir ônibus, pertencem a mulheres, segundo os dados apresentados no encontro.
Especialistas apontam que fatores culturais, falta de infraestrutura adequada e práticas organizacionais pouco acolhedoras contribuem para a baixa participação feminina no setor. Entre os principais obstáculos citados estão:
- Ausência de instalações adequadas, como vestiários e banheiros femininos ao longo das rotas;
- Escalas de trabalho que não consideram responsabilidades familiares, o que dificulta a conciliação com cuidados que recaem majoritariamente sobre as mulheres;
- Ambientes marcados por discriminação e pouca representatividade, o que desencoraja candidaturas e permanência das profissionais.
Esses desafios não são exclusivos do Rio: dados nacionais já mostraram que a representatividade feminina no setor está em patamares semelhantes em outras regiões, com cerca de 17% das vagas ocupadas por mulheres em todo o Brasil nos últimos anos.
Iniciativas e perspectivas
Durante o painel “Mulheres que Transformam a Mobilidade”, foi destacado o movimento NTU Mulher, uma iniciativa nacional focada em promover metas, programas de capacitação e adaptação de infraestrutura para incentivar a entrada e retenção de mulheres no transporte público.
Representantes de entidades do setor também defenderam ações estruturadas para criar caminhos que aumentem a participação feminina em todos os níveis desde funções operacionais até posições de liderança e tornem o ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro para as profissionais.
Especialistas afirmam que, sem mudanças profundas nas condições de trabalho e nas políticas de diversidade, o setor continuará a enfrentar desigualdades significativas de gênero, não apenas em números, mas também em oportunidades de crescimento e qualidade de emprego para as mulheres.
Fonte: Diário do Rio